sw 6
O João Campos tinha ficado adormecido na cama, aínda tonto do álcool,
no momento imediatamente anterior à ressaca do próprio dia.
Os outros tinham ido para as discotecas de Mestre, depois do jantar
improvisado no apartamento.
Eram 7 ou 8, todos de arquitectura, em fase de entregas. Todos parvos.
Aínda no 1 (Piazzale Roma - Grand Canale) sabem pela belga que vive
perto que a casa está a arder.
-Isso não pode ser, ficou lá o João. Foda-se o João!
Silêncio, quase silêncio até à chegada a terra.
Saem a correr em direcção à casa.
Nem fumo nem fogo.
Nem casa.
Tijolos à vista e mais nada.
Um filme mau e mal feito.
Nada que acontecesse na realidade.
As velas que ficaram acesas numa tábua por cima da janela.
Não se fala disso.
O João chega a chorar ao lado das neo-budistas do Porto com quem se goza.
Iam saudar o sol e salvaram-no no caminho.
O Bruno também já chorava quando se lembrou que ficou sem as únicas
fotografias que tinha da mãe.
Os outros agarravam-se ao João que disse:
-Eu sei lá como é que se agradece esta merda às gajas...
Tudo isto para te dizer que também não estou a ver muito bem como é
que agradeço aquela merda.
1 ab do teu sobrinho:
João Campos
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